Quanto custa uma lagoa?
Quanto custa uma mata ciliar?
Quanto custa a qualidade de uma água?
Até que ponto se pode comprometer o futuro de uma geração em nome de um modelo de desenvolvimento?
Senhoras e senhores, este é o impasse que se coloca diante de nós: o nosso futuro.
Qual o destino que estaremos nos reservando logo ali adiante?
Este será o palco onde nós, hoje, desenvolveremos este debate.
Gostaria inicialmente de elencar, neste cenário, dois atores de destaque para construirmos uma linha lógico-dedutiva de raciocínio, através de um paralelo a ser traçado frente a questão de ocupação urbana x conservação; são eles: O RISCO POTENCIAL e a IRREVERSIBILIDADE DO DANO.
Portanto, façamos o seguinte raciocínio:
No caso de optarmos pela conservação: qual seria o RISCO POTENCIAL?
A priori, nenhum. Uma vez que as condições atuais seriam mantidas, não haveria risco premente.
E quanto aos prejuízos?
A princípio, apenas o de lucros cessantes pelo retardamento dos empreendimentos imobiliários.
E quanto às possibilidades futuras? Estariam resguardadas ou inviabilizadas?
Por óbvio, senhores, estariam resguardas, considerando que o objeto se manteve inalterado. E podemos inclusive destaca-los: o potencial turístico, a possibilidade de diversificação econômica, as reservas estratégicas( quanto aos recursos naturais), e de modo sustentável.
Quanto ao dano? Seria ele reversível ou não? Este questionamento dispensa maiores comentários, um vez que não há dano.
Agora, por outro lado, senhoras e senhores, façamos os mesmos questionamentos quanto à opção pela ocupação:
Haveria, de fato risco potencial?
Entendemos que sim. Embora saibamos de vários instrumentos de controle e prevenção, no que diz respeito às questões ambientais, os acidentes acontecem, quando há ação do homem. Podemos apontar alguns desses riscos: a contaminação do lençol freático, a contaminação da lagoa, a descaracterização paisagística, a interrupção dos corredores de fauna e flora, a intervenção nos processos de reprodução das espécies endêmicas em extinção, tendência ao desaparecimento da vegetação nativa e espécies da fauna e flora, aterramento dos banhados e córregos de drenagem e outros tantos.
E os prejuízos quais seriam?
Os ambientais, como já falamos, de toda ordem. Os sociais também, o comprometimento dos recursos naturais e a inviabilidade de diversificação dos empreendimentos que ali poderiam ser realizados são, sem dúvida os mais evidentes, além de outros.
A propósito, podemos citar alguns episódios: o caso do rio dos Sinos, recentemente; o problema do aquecimento global e a elevação dos oceanos; a escassez da água no rio Gravataí e a campanha pela economia de água pela Prefeitura de Gravataí; e, no nosso caso, podemos ilustrar com os seguintes casos: o episódio de 2003, com a salinização do canal do rio Tramandaí ( obra realizada na década de 60, para escoamento e ampliação das áreas) , que se estendeu até as lagoas, inviabilizando o tratamento da água na estação de Atlântida Sul, e que trouxe sérios prejuízos econômicos ao Município de Xangri-lá, com os hotéis tendo de dispensar seus hóspedes por falta dágua. E saliente-se, este é um forte exemplo dos efeitos da ação do homem nestes espaços.
O custo que é ao município de Ósório a recuperação da Lagoa do Marcelino. Além destes, outros poderiam ser citados.
E quanto à irreversibilidade deste dano?
Bem, mesmo que não haja a constatação dos danos citados, pelo menos um pode ser determinado, e talvez o maior deles: O EXAURIMENTO DAS POSSIBILIDADES FUTURAS PARA AS PRESENTES E FUTURAS GERAÇÕES.
Até porque, como todos nós sabemos, uma vez chegada a ocupação urbana, é praticamente nula a possibilidade de retorno ao status quo ante.
Logo, senhoras e senhores, cada passo que dermos adiante deve ser muito bem pensado e discutido.
Tenhamos todos um bom debate.
Obrigado!
Promoção de debate na Câmara Municipal de Vereadores sobre a questão: ocupação urbana x conservação das margens da Lagoa dos Quadros, uma vez que o atual plano diretor do município permite a urbanização para as áreas junto à Lagoa.
* Matéria
Debate Público do Movimento Popular em defesa do Parque Náutico reuniu autoridade em Capão de Canoa
Foi realizado no dia 8 na Câmara
Municipal de Vereadores de Capão da Canoa, o terceiro debate público sobre o
tema “Conservação X Ocupação das Margens da Lagoa dos Quadros”, promovido pelo
Movimento Popular em Defesa do Parque Náutico e da Lagoa dos Quadros.
Após os pronunciamentos de
apresentação, o prefeito Jairo Marques fez a abertura oficial da programação e
passou a condução dos trabalhos ao coordenador Ronaldo Souza da Silva, que fez
a leitura de um manifesto e, logo após, comandou o debate, onde todos os
participantes responderam perguntas elaboradas pelo movimento e também pelo
público presente.
As discussões passaram por vários
pontos importantes, desde o decreto de desapropriação de parte da área às
margens da Lagoa dos Quadros até o Plano Diretor do Município, que traça as
diretrizes de utilização da área em questão.
Ao término da programação, todos
os debatedores enfatizaram a regionalização desta causa, buscando o
envolvimento de todos os municípios do litoral norte, em especial aqueles que
compartilham das águas da Lagoa dos Quadros.
O coordenador Ronaldo Silva disse
que pretende, juntamente, com o apoio do Poder Público, organizar para,
provavelmente, no mês de abril (na semana de aniversário dos 25 anos de Capão
da Canoa), um encontro regional na cidade.
Durante o evento na Câmara
Municipal, porém, ele salientou que todos os prefeitos da região foram
convidados para participar e discutir o assunto, mas que, infelizmente, não se
fizeram presentes.
Fonte Jornal Dimensão
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